CINCO ANOS PUBLICADA – Relembrando minha carreira
Dia 13 de Fevereiro de 2009, uma sexta-feira. Sim! Escolhi uma sexta-feira 13 para começar de verdade a minha carreira. Fui perceber agora que completei cinco anos publicada no mercado e quis aproveitar para dizer: MUITO OBRIGADA! Vocês, queridos leitores e amigos virtuais, me tornaram uma pessoa mais feliz. Aprendi com os livros a amar a vida e com vocês a amar a minha carreira. Poder cinco anos depois estar vivendo de literatura é um prazer inigualável, por isso realmente sou grata por todo carinho.
Fiquei nostálgica e resolvi relembrar um pouco desses cinco anos. Claro que antes deles existiram mais quatro anos de busca por editoras, mas gostaria de focar na jornada depois de publicada.
Meu primeiro lançamento foi “A Fada” pela Arte Escrita, na FNAC de Campinas. Estava absurdamente nervosa, contudo, no final do dia sentia-me nas nuvens. Para uma garota antissocial acabaram aparecendo muitas pessoas no lançamento e foi uma das primeiras vezes que me senti amada. Fui perceber só depois a grande dificuldade de se vender de porta em porta. Mas não tinha outra solução, pois quatro anos procurei por alguma editora que me desse a oportunidade de mostrar meu trabalho. Ralei bastante para conseguir vender os 2 mil exemplares de tiragem. Participei de todos os eventos da região, fui em diversas escolas e comecei minha própria assessoria de imprensa. E assim encontrei meu caminho. Sai de meu emprego em uma multinacional e fiquei por mais de um ano ganhando R$2,50 a hora cadastrando livros em um Sebo. Tudo para poder divulgar a minha obra. No final de 2010, tinha um livro publicado em editora pequena e no meu currículo matérias na Folha de SP, Estadão, Disney Channel e diversos outros veículos. Para complementar existiu a Época. Nunca vou me esquecer daquela matéria. De receber a ligação do Danilo lá no sebo e de chorar porque uma revista como aquela queria me entrevistar. Quando abri o conteúdo e me vi ao lado de Cassandra Clare e Alexandra Adonetto vi que valia sacrificar alguns anos de minha vida para colher outros melhores no futuro. Com essa bagagem recomecei a minha busca. Precisava de uma editora maior.
Foi em 2010 que conheci autores que admirava como Raphael Draccon, Eduardo Spohr e Thalita Rebouças. Já era amiga do Vianco na época. E foi nesse mesmo ano que realizei o sonho de conhecer meu grande ídolo, Paulo Coelho. Mas ainda tinha meu livro de capa dura longe das prateleiras e aquilo me matava. Queria mostrar minha história para mais pessoas. Ver se outros se identificariam com a minha dor e busca do por que estamos aqui.
Acabei sentando com uma grande editora e ficamos horas em uma reunião. Sai do escritório com a promessa de que seria uma autora deles e iríamos nos dar muito bem. Uma semana depois entraram em contato falando que a parecentista tinha achado o livro muito evangélico e por isso não iriam mais publicar (sim, A Fada já foi considerado evangélico! Mesmo falando de Wicca, rs). Mas fiquei por muito tempo com uma frase daquela editora: “como você conseguiu tantas matérias? Temos um best-seller na sua área e não estamos conseguindo colocá-lo nelas”.
O esforço estava valendo a pena.
Então juntei minha obra e a clipagem para enviar aos cartões coletados na Bienal do Livro. Falando nisso: minha primeira Bienal do Livro como autora foi em SP, onde autografei na Livraria Pergaminho. Sou muito grata por eles terem me dado meu primeiro emprego em 2006 e meu primeiro autógrafo nesse evento.
Enviei os e-mails e esperei. Alguns dias depois recebei um feedback da editora Novo Século aceitando relançar “A Fada”. Minha reação foi dar altos pulos de felicidade. Até meu marido ficou surpreso, pois não havia comentado com ele que iria enviar novamente meu material.
Assim em 2011 estava na Bienal do Livro do Rio de Janeiro com uma nova tentativa. Aquele evento foi muito significativo pra mim. Primeiro porque não sabia o que encontrar e para a minha felicidade “A Fada” foi o terceiro livro mais vendido do estande, logo após a P.C Cast e Alyson Noël. Segundo porque fiz duas amizades que me marcaram muito, uma delas sendo com a própria Alyson.
Mesmo vendendo metade da minha tiragem de três mil exemplares em alguns meses, e vencendo o Prêmio Jovem Brasileiro, buscava mais. Aconteceu que começou a criação da Fantasy e tanto a Casa da Palavra quanto a Leya me queriam no time. Pensei muito e resolvi arriscar. Em julho de 2012 lançava meu segundo livro: “O Inverno das Fadas”.
Esse livro foi minha grande benção. Gosto MUITO dele, mas ninguém sabia como seria a recepção. Ao contrário do que muitos acham, não tive um grande marketing. Fizemos uma votação da capa no Submarino e fiquei dias pedindo por inbox para as pessoas votarem. Só! Depois foi o normal de grande editora. Divulgação na Bienal, em blogs, veículos de mída e pontas de gôndola. Mas para a minha surpresa e de todos de lá, reimprimimos a tiragem inicial de 7 mil exemplares em duas semanas. Aquele foi um choque! Então veio a imagem principal abaixo e consegui algo que sonhava desde de meus 16 anos de idade: entrei em uma lista de mais vendidos. “O Inverno das Fadas” foi o quinto livro mais vendido do site Submarino em todo o mês de julho. Eu não poderia estar mais feliz. É POR ISSO QUE AGRADEÇO DO FUNDO DO MEU CORAÇÃO PELA CONFIANÇA DE VOCÊS.
Veio a Bienal de SP de 2012 e foi lindo. Conquistamos a capa da Ilustrada, recebemos leitores de braços abertos e o livro foi o segundo mais vendido da editora Leya, após “A Dança dos Dragões”, do George R. R. Martin.
Revolvi então embarcar em uma nova aventura e comecei a criação de “Feérica”, meu livro mais divertido. Enquanto isso pude conhecer diversas cidade, leitores e feiras pelo Brasil. Esses eventos e o encontro com vocês me fizeram perceber meu papel como escritora e ser humano. Percebi que falamos neles mais do que naquelas palavras escritas. Nossas almas conversaram e ouvi histórias de vidas que para sempre vão me marcar.
Cheguei em 2013, lancei essa nova obra, fomos para mais lugares, embarquei na aventura de gravar acontecimentos do meu dia-a-dia e vivi um dos momentos de mais orgulho da minha vida. Pude acompanhar o Raphael Draccon em seu lançamento no México. Por que foi um momento de orgulho? Não vi apenas meu marido realizar um sonho. Vi um grande profissional do meu ramo mostrar que existe literatura fantástica de qualidade nesse nosso rico país. Acompanhei todas as entrevistas e vi jornalistas se emocionarem ao verem um jovem latino-americano cruzar essa barreira em uma editora de grande porte. Eu, que sempre tive sonho de ser publicada em outros países e que batalho há anos por isso, senti-me orgulhosa de ver um exemplo.
Posso então fechar esse texto com os últimos acontecimentos. Meus sonhos malucos se tornando realidade. Foi assim que no dia do meu aniversário de 25 anos assinei com a Rocco, editora dos meus livros favoritos e fui reconhecida no mesmo dia pelo meu grande ídolo em uma polêmica mundial. Não parecia real.
Agora tenho uma trilogia para escrever e de presente ganhei ainda mais uma obra ao lado de uma grande pessoa que é a Sophia Abrahão. Outra jovem que ralou muito nessa vida e hoje está colhendo os frutos.
Resolvi escrever um pouco – hummm, bastante – sobre essa jornada porque sei que quando estava começando eu buscava textos para me ajudarem a não desistir.
Quantas e quantas vezes dormi chorando por conta de um “não”. Até hoje durmo! Quantos eventos vendi cinco livros, depois de oito horas sentada. E as diversas vezes que vesti minhas asas de fada e vi pessoas rirem? Por isso é curioso ouvir de pessoas que não me conhecem o quanto sou “rica”, “esnobe” ou “seduzi todos os livreiros do mercado literário para colocar meu livro em destaque” (essa é a melhor!). Até hoje existem haters que acreditam – ou precisam muito acreditar – que minhas vitórias sofridas só se realizaram porque resolvi casar com uma pessoa do ramo, cujas vitórias também foram sofridas. Sim, ainda existem pessoas que acreditam que uma mulher só pode vencer dependendo de um homem.
Fui chamada de “maluca” muitas vezes. Muitos me recriminaram por ficar “sem trabalhar” por um tempo para me focar nessa jornada. Outros acharam que tinha jogado meu futuro no lixo. Mas na verdade, eu o havia encontrado.
Eu só digo uma coisa: encontrei vocês e sou uma das escritoras mais felizes desse país. Pago minhas contas, meus hobbies e minhas viagens com dinheiro vindo de literatura. No fundo, nós, malucos beleza, somos os que mudamos os padrões.
Obrigada, meus feéricos! Que venham mais 5, 10 e 50 anos.